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A Doutrina de Deus (Teontologia) compreende, embora em graus variados, os seguintes elementos: — [1] – Deus é um ser pessoal, autoexistente, com vida, consciência e vontade próprias, não confinado à natureza, mas exaltado acima dela, o Criador do céu e da terra. [2] – A revelação de Deus no Antigo Testamento, portanto, não coincide exaustivamente com seu ser. Ela, de fato, fornece conhecimento verdadeiro e confiável de Deus, mas não um conhecimento que corresponda exaustivamente ao seu ser. [3] – O mesmo Deus que em sua revelação se limita, é, ao mesmo tempo, infinitamente exaltado acima de todo o reino da natureza e acima de toda criatura. [4] – No Novo Testamento, encontramos a mesma combinação. Deus habita em luz inacessível. Ninguém o viu nem pode vê–lo (João 1:18; 6:46; 1 Timóteo 6:16). Ele está acima de toda mudança (Tiago 1:17), acima do tempo (Apocalipse 1:8; 22:13), do espaço (Atos 17:27, 28) e das criaturas (Atos 17:24). Ninguém o conhece, a não ser pelo Filho e pelo Espírito (Mateus 11:27; 1 Coríntios 2:11). Mas Deus fez que sua plenitude habitasse corporalmente em Cristo (Colossenses 2:9), reside na Igreja como seu templo (1 Coríntios 3:16) e faz sua morada naqueles que amam a Jesus e guardam sua Palavra (João 14:23). Ou, para usar a linguagem teológica moderna, na Escritura, a personalidade e o caráter absoluto de Deus caminham de mãos dadas (BAVINCK, p. 33 – 34). 

A Doutrina de Cristo (Cristologia) é em parte a resposta a condição do homem caído, ela nos põe a par da obra objetiva de Deus em Jesus Cristo construindo um caminho sobre o abismo e eliminando a distância. A doutrina nos mostra Deus vindo ao homem para afastar as barreiras entre Deus e o homem pela satisfação das condições da Lei “em Cristo”, e para restabelecer o homem em sua bendita e eterna comunhão. A Antropologia já dirige a atenção à provisão da graça de Deus para uma aliança de companheirismo com o homem que provê uma vida de bem–aventurada comunhão com Deus; mas a aliança só é eficiente em Jesus Cristo e por meio de Cristo, daí a necessidade de conhecer a Gloriosa Pessoa e Obra do Redentor (SOUSA, p. 23).

A questão teológica da Antropologia não terá sido respondida adequadamente até que essa determinação divina do relacionamento por um Pacto tenha sido reconhecida. Talvez a “imagem de Deus” não deva ser pensada em termos estáticos ou individualistas, mas em termos dinâmicos dessa ligação; homens e mulheres são chamados “em Cristo” para ser a “imagem” da relação interior eterna da Trindade (João 17:21 – 23). A Pessoa de Jesus Cristo é a única fonte determinante de uma Antropologia teológica válida; a meta e a natureza autênticas da vida humana têm de ser discernidos primariamente nEle e só secundariamente em nós (FERGUSON, p. 74).  

Portanto, não surpreende se o Espírito Santo repudie como degenerescências — adulterações, deturpações, corrupções — a todos os cultos inventados pelo arbítrio dos homens, porque, em se tratando dos mistérios celestes, a opinião humanamente concebida, ainda que nem sempre engendre farto amontoado de erros, não obstante é a mãe do erro. E quando nada pior acontece, contudo isto não é falta leve: — adorar, ao acaso, a um Deus desconhecido (Atos 17:23). Entretanto, nessa culpa incidem, segundo o sentencia o próprio Cristo (João 4:22), todos quantos não foram ensinados pela Lei que é a Deus que importa cultuar (CALVINO, p. 74).

Embora sejam quatro os evangelistas, o Evangelho não é mas que um, porque os quatro livros que contêm a mesma verdade (Jesus Cristo). Porque, assim como dois versos sobre um mesmo tema diferem apenas pela diversidade de métrica e de palavras, mas não pelo pensamento, que é o mesmo assim os livros dos evangelistas, com quatro, formando um único Evangelho, pois eles contêm a mesma doutrina da fé católica (BEDA — Catena Aurea). 

A sabedoria do homem diminui a glória de Deus, que é mais honrado pela simplicidade do Evangelho do que pela exuberância da inteligência (CHARNOCK, Cristo Crucificado – O Sacrifício Definitivo).